quarta-feira, 30 de maio de 2012

ACROBATA DA DOR



Gargalha, ri, num riso de tormenta, 
como um palhaço, que desengonçado, 
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado 
de uma ironia e de uma dor violenta. 
Da gargalhada atroz, sanguinolenta, 
agita os guizos, e convulsionado 
salta, gavroche, salta clown, varado 
pelo estertor dessa agonia lenta ... 

Pedem-se bis e um bis não se despreza! 
Vamos! retesa os músculos, retesa 
nessas macabras piruetas d'aço. . . 

E embora caias sobre o chão, fremente, 
afogado em teu sangue estuoso e quente, 
ri! Coração, tristíssimo palhaço.



Cruz e Sousa

Um comentário:

  1. Os séculos passam e nós permanecemoos acrobatas de nossas dores...
    Grande mestre, perfeito na
    forma conteúdo!

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