terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Causos de policia

Em uma pequena delegacia de uma pequena cidade de um pequeno estado de um pequeno país, o soldado tirava mais um dia de serviço. Além de suas atribuições legais, ele exercia outras funções que não eram suas obrigações mas realizava por não haver quem o fizesse, não dispunha de outra escolha. Desse modo, suas tarefas se acumulavam e compreendiam em vigiar os presos, atender os chamados da população e ainda realizar o patrulhamento pelas nem tão pacatas ruas do município.
Às vezes, ele contava com o auxílio de outro policial, afinal dois homens parecem mais do que o suficiente para satisfazer a demanda local (pelo menos era isso que seus superiores acreditavam, já que nunca se empenharam em melhorar a situação). Sempre que havia algum chamado, eles fechavam a delegacia, torciam para que nenhum dos detentos fugisse e saíam para resolver as mais diversas ocorrências. Entre as mais comuns: marido embriagado agredindo esposa submissa e o dito “cidadão de bem trabalhador” que gosta tanto de ouvir música que acredita que seus vizinhos também devam compartilhar de suas preferências musicais.

Um dia os policiais receberam a informação que estava acontecendo um roubo. Como de praxe, trancaram o prédio e seguiram em busca dos ladrões. Durante esse tempo, o telefone da delegacia tocou inúmeras vezes e algumas pessoas apareceram no local e se depararam com as portas fechadas. “Absurdo! Em pleno expediente a delegacia sem ninguém para nos atender.” Algum cidadão – com toda razão – queixou-se com um vereador, que repassou a reclamação para o prefeito, que por sua vez conversou diretamente com o comandante de policiamento da região, que prometeu resolver o problema imediatamente. Eis a solução:

- Trim.

- Delegacia, bom dia!

- Alô? Aqui é o coronel Titânio*. Que história é essa da delegacia fechada em horário de expediente? Quando o telefone tocar é pra alguém atender!

- Mas coronel, o senhor sabe que falta efetivo. Quando ninguém atende o telefone é porque saímos pra atender alguma ocorrência ou para realizar o patrulham…

- Não interessa! – interrompe as justificativas do soldado.

- Eu quero alguém 24 horas na delegacia.

- Coronel, como é que vamos atender os chamados sem nos ausentar da DP?

- Dê seu jeito! Não quero mais saber de reclamação do prefeito por causa disso, entendido? – finaliza o comandante.

- Sim, senhor! – submete-se o soldado à ordem de seu superior, pois sabe que não adianta retrucar.

Mais revoltados ainda, os policiais decidem seguir as ordens à risca. Não saem da delegacia durante todo o plantão. Logo surge uma nova reclamação quando populares solicitam a presença da polícia. Dessa vez, protestavam porque os dois soldados disseram que não poderiam atender o chamado, pois tinham ordens expressas de não abandonar o posto de serviço, até porque a ausência de vigilância poderia resultar numa fuga dos presos.

- Quer dizer que vocês não vão lá?

- Não podemos, se formos podemos ser punidos. Porque somos apenas dois. É muito arriscado apenas um atender a ocorrência e como se sabe não podemos deixar a delegacia sem ninguém. Sendo assim…

- Isso é um absurdo! Vocês passam o dia inteiro nessa delegacia sem fazer nada e ainda se negam a atender uma ocorrência! Eu vou denunciar vocês, vou levar essa situação à imprensa. Quero ver só vocês não trabalharem.

- Faça isso! Nos ajude, se a gente reclamar é provável que venha alguma represália do comando. Mas você que é civil pode denunciar. Aposto que se essa situação aparecer na televisão no outro dia mandam mais homens para cá. Quem sabe vem até armamento e uma nova viatura.

O cidadão saiu resmungando, mas até hoje não se sabe de qualquer reportagem sobre o policiamento (ou a falta dele) na cidade.

Atenção! Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, fatos, lugares e pessoas terá sido mera coincidência.

Retirado do blog
http://www.diariodeumpm.net/2010/04/06/causos-de-policia-ordens-sao-ordens/

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Natal

Passei meu Natal como sempre o faço, salvo raríssimas excessões . Na casa de minha mãe!
Com a presença  de alguns parentes, ceia servida religiosamente à meia-noite. Esta sempre foi a tradição lá em casa.
As namoradas e esposas que tive sabiam disto: "Natal é festa de familia ".

No ano novo eu ia para a parte mundana, mas Natal não!

Tenho que admitir que não lembramos do aniversariante... Ninguem falou de Cristo e seus ensinamentos, ninguém fez uma oração. E minha sobrinha insistia em colocar a trilha sonora do mau gosto: "Pornopagode"
Mas, acho que o fato de reforçarmos os laços familiares já é um bom sinal de que estamos seguindo algo que ele ensinou.

Mas, o motivo deste texto não é o " Meu Natal", mas o Natal que vi nas ruas do subúrbio e que imagino deve ter sido o Natal de muitas pessoas na cidade.

Pessoas bebendo em excesso, som alto, som de carro nas portas dos bares, homens e mulheres( e tbm crianças) dançando os "pornopagodes"  que todos já conhecemos.
Lembrei de uma frase de um colega, que ele sempre usa para explicar as mazelas da sociedade:
" É culpa da inversão de valores, da quebra dos valores morais e familiares".
Fico imaginando que sociedade teremos , se até mesmo no Natal, onde deveríamos estar com quem amamos( familia), estamos nas ruas dançando no meio do asfalto o hino do desrespeito ao sexo feminino: "Balança o rabinho cachorra"


Márcio Menezes