quinta-feira, 29 de maio de 2014

Cotas raciais nas universidades: os argumentos são conhecidos.

"Pretender corrigir no fim o que vem torto desde o início é destruir vidas adultas com ilusões politicamente corretas."


Para o pensamento progressista, as cotas são uma forma de corrigir injustiças passadas, abrindo as portas das melhores universidades a candidatos negros, ou hispânicos, ou nativos-americanos etc.
Para temperamentos mais conservadores, as cotas são uma nova forma de racismo, ainda que invertido, ao reduzir a singular individualidade de cada um à mera pigmentação da pele.

E são, claro, um atentado às mais elementares noções de mérito.

Os argumentos são conhecidos, repito. Mas o que dizer quando duas bíblias do progressismo americano --o "New York Times" e a revista "Atlantic"-- publicam matérias altamente críticas sobre as políticas afirmativas no país?

Aconteceu. Nenhuma delas repete argumentos gastos porque a discussão deixou de ser ideológica. Passou a ser empírica: estarão as políticas afirmativas a produzir efeitos contrários aos pretendidos?
Ambas respondem que sim e dão nome ao descalabro: "mismatch". Ou, traduzindo o conceito, alunos impreparados que entram em universidades de elite através de preferências raciais têm desempenhos acadêmicos sofríveis.

E esse "mismatch" não se limita aos anos de formação. Ele acompanha os indivíduos para o resto das suas vidas profissionais.

O problema é particularmente pronunciado nas ciências, nas engenharias e nas matemáticas, o que não admira: o conhecimento nas "ciências exatas", relembra o "New York Times", é um conhecimento contínuo, onde é necessária uma forte preparação de base para haver progressos contínuos também.

Sem essa preparação, chegar a universidades de elite apenas pela cor da pele é uma espécie de desembarque pedagógico nas praias da Normandia.

A "Atlantic" quantifica essa carnificina: os alunos negros continuam a preferir mais cursos de ciências ou de engenharia do que os brancos; mas o "mismatch" faz com que a desistência entre negros seja o dobro da verificada entre os brancos.

O mesmo acontece depois da universidade: em direito, por exemplo, os alunos negros são reprovados no exame de acesso à profissão quatro vez mais do que os alunos brancos; o "mismatch" explica metade desses fracassos. O que fazer perante os números aterradores das políticas afirmativas?

Escondê-los tem sido uma opção, o que significa arruinar silenciosamente a vida de milhares de pessoas para que as consciências progressistas possam dormir com as suas vaidades intactas.

Outra opção, sugerida sem um pingo de vergonha pelo "New York Times", é "convidar" as instituições de elite a serem um pouco menos de elite. No fundo, "convidar" Harvard a não ser Harvard --uma forma de corrupção intelectual e um caminho para o atraso científico do país.
Mas existe uma terceira via: defender a velha ideia de que competências médias devem frequentar universidades médias.

A "Atlantic", aliás, revela uma curiosa experiência: em 1998, a prestigiada UCLA deixou de usar critérios raciais nas suas admissões. Resultado imediato: queda acentuada de alunos negros (menos 50%) e hispânicos (menos 25%). Escândalo e protestos.

Porém, o mais espantoso é que, nos anos seguintes à abolição dos critérios raciais e, apesar da queda, o número total de negros e hispânicos graduados pela UCLA era semelhante ao número de negros e hispânicos que terminaram os seus cursos antes da abolição. Por quê?
Razões várias. Cito duas. Primeiro, porque a UCLA acabou por atrair os melhores alunos negros e hispânicos que assim puderam frequentar uma universidade sem o "estigma" das políticas afirmativas.

E, mais importante ainda, porque aumentou o número de alunos negros e hispânicos que iniciaram a sua formação em universidades mais modestas -e só depois se transferiram para a UCLA.

Sim, ideologicamente, sou contra discriminações positivas (ou negativas) porque sou incapaz de reduzir qualquer ser humano a um "grupo" ou uma "raça". E não creio que seja função da universidade prosseguir agendas igualitárias. Apenas científicas.

Mas existem evidências empíricas que reforçam as ideológicas: a igualdade de oportunidades deve ser uma igualdade de base na formação de qualquer indivíduo.

Pretender corrigir no fim o que vem torto desde o início é destruir vidas adultas com ilusões politicamente corretas.

João Pereira Coutinho

Xuxa, um deputado evangélico, o perdão e o Amor Estranho e Seletivo Amor ao próximo



Há dias que estou pensando em comentar este assunto, no entanto as palavras não surgiam. Mas, como se fosse pela Providencia Divina, eis que surgem novos fatos que podem ser relacionados ao assunto.
Mas, vamos ao caso, depois retorno com minha opinião.
Durante evento na comissão da Câmara para aprovação da Lei da Palmada, um deputado evangélico Pastor Eurico (PSB-PE), fez criticas a Xuxa declarando que ela cometeu "a maior violência contra as crianças ao fazer um filme "pornográfico" onde praticou "pedofilia"...O Deputado é um dos apoiadores da "cura gay"
O filme
O Filme chama-se Amor Estranho Amor, o filme foi filmado em 1979 e lançado em 1982 o enredo do filme é o seguinte:
Hugo,( Marcelo Ribeiro/criança) um homem de meia idade, guarda na memória a infância realmente singular. Em 1937, ainda um garoto, sai de Santa Catarina com a avó e desembarca em São Paulo, onde é deixado em frente a um palacete, na verdade um bordel de luxo. Ali mora e trabalha Anna( Vera Fischer), sua mãe, uma prostituta e amante do Dr. Osmar Passos (Tarcísio Meira), um poderoso político paulista. O garoto irá conviver daí em diante nesse ambiente com outras garotas de programa como Tamara( Xuxa) - uma ninfeta atrevida. Depois de ter leiloada a sua falsa virgindade entre os frequentadores mais ricos, ela seduz Hugo - e inicia o adolescente nos prazeres do sexo. Como pano de fundo no filme, o momento político do país às vésperas do golpe que instituiu a ditadura do Estado Novo.
Para quem tem o mínimo de conhecimento de cinema, sabe muito bem que num roteiro como este cenas de sexo são perfeitamente aceitáveis.
No entanto quem assistiu o filme sabe que classifica-lo de "pornográfico" é de um exagero fanático.
Na época o cinema nacional se resumia pornochanchadas eróticas, e o filme de Xuxa sequer chega a isso.
Xuxa tinha entre 17 e 19 anos durante as gravações do filme e o ator Marcelo Ribeiro tinha 12.
As cenas entre os dois se resume a nudez e simulação de sexo.
O interessante é que Anna (Vera Fischer) protagoniza uma cena de Incesto ( apesar dela apenas "dar de mamar" ao garoto, fica subentendido que ela substitui Tamara( Xuxa) para afasta-lo dela, e assim satisfaz as vontades do garoto que acabou de conhecer o sexo).
No entanto, não se vê criticas a Vera Fischer, nem ao Diretor Walter Hugo Khouri, que seguiu sua carreira, inclusive tendo o filme sido indicado para
Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a mais tradicional mostra da sétima arte no país. Vera Fischer recebeu o Candango de Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação no longa.
Quando lançado, ninguém deu atenção alguma para Xuxa. Seu nome só foi para o topo do cartaz, e sua imagem passou a aparecer em destaque, quando a loira começou a namorar Pelé, alguns anos depois. E a polêmica só surgiu quando ela começou a ser conhecida como Rainha dos baixinho.
Para se ter ideia, O filme foi liberado pela censura do Regime Militar , a mesma censura que proibiu a exibição de O Ultimo Tango em Paris.
Um peso, duas medidas
Sabe-se que as religiões evangélicas costumam pregar que após a aceitação de Jesus como Salvador, qualquer pessoa está perdoada de TODOS os seus pecados, e tornam-se "uma nova pessoa em Cristo". Não é incomum ouvirmos testemunhos de novos convertidos e até de pastores que dizem, que antes de "conhecer Jesus" eram "homicidas, ladrões, viciados..."
E eis que surge um novo fato amplamente divulgado pela mídia.
Giuliano Ferreira, estrela de mais de 300 filmes pornôs, inclusive com atuações onde transa com Rita Cadillac e com outros homens, lança livro onde conta como foi sua "transformação em nova criatura"
O que separa o "pecado de Xuxa", do pecado do pastor Giuliano?
A historia do pastor de que após uma dor de dente que não passava, ele ser internado e diagnosticado com um infecção que atingiu vários órgãos?
E que durante o internamento teve uma experiência sobrenatural? :
“Tive um encontro com Deus. Ouvi uma voz falar para mim: ‘Chegou o momento de você fazer a minha vontade’. Assim que me recuperei e deixei o hospital, abandonei a carreira de ator pornô”, lembra Giuliano, que a partir dali tornou-se evangélico.
Ou o fato dele se tornar evangélico, enquanto Xuxa permaneceu na "sua Fé"?
Agora Minha opinião
A diferença para se julgar Xuxa e o pastor Giuliano é que Xuxa É famosa, e critica-la da IBOPE, muitas vezes criticas movidas pela ignorância de pessoas que sequer assistiram ao filme ( eu assisti no cinema, e era menor de idade), criticam, baseados no que ouvem, ou leem na internet ( este belo veículo de verdades absolutas que já causou a morte de inocentes.
São pessoas que se preocupam com a alcova alheia, com a sexualidade do outro, que "acusam" Xuxa de ser lésbica e ter um caso com Ivete Sangalo, e recentemente compartilharam a noticia falsa ( hoax ) de que Sasha, foi flagrada pela mãe trocando caricias com uma colega.
(E o pior é que VI amigos meus homossexuais -de ambos os sexos- compartilhando e comentando o "boato", como se verdade fosse.)
O deputado, queria aparecer, "pongar" na fama de Xuxa para justificar os votos de seus eleitores/rebanho. Precisava de outro "factoide", já que seu projeto de "cura gay" falhou.
O deputado depois do episódio foi afastado ( tardiamente) da Comissão de Constituição e Justiça,e vai ter arranjar outro palanque para destilar seus preconceitos.
A diferença para se julgar, é o preconceito religioso, de quem considera "sua fé", a única e verdadeira( pecado da soberba?), e que não respeita a fé alheia.
A diferença é a mesma que faz um juiz declarar em uma decisão judicial que religiões de matrizes africanas não "são religiões".
Ps. Fui "baixinho da Xuxa"( não perdia um programa, pois sou fã de desenhos animados, e até hoje, minhas manhãs em casa são reservadas para assisti-los) , tinha as revistas (Playboy, Fórum, Ele...) em que ela saiu pelada, tive MUITOS momentos de prazer solitário e contemplativo com suas fotos ( e as de Vera Fischer também).
No entanto, hoje não considero Xuxa um exemplo a ser seguido, considero-a no máximo um produto ultrapassado da mídia , alguém que não entendeu que seu tempo já passou, e que deveria se aposentar.
Menezes

segunda-feira, 5 de maio de 2014

QUEM TEM RAÇA É CACHORRO

Quem tem raça é cachorro

João Ubaldo Ribeiro
No domingo passado, citei aqui a frase de meu amigo e conterrâneo Zecamunista que hoje uso como título.
Ele de fato diz isso, como eu também digo, nas conversas intermináveis havidas com amigos desde a juventude, quando nos ocorre a felicidade de revê-los. Coroas meio ou bastante chatos, compreendemos quando os mais novos nos cumprimentam com a possível afabilidade, depois mantendo prudente distância.
Portanto, a maior parte de nossas conversas não passa mesmo do papo de dois velhotes irresignados e rezinguentos, que não sai, e geralmente não deve ou não precisa sair dali, pois costuma ser algo sem o qual ou com o qual tudo permanece tal e qual, como sentenciava minha avó Pequena Osório, a respeito de meus livros.
Mas, no caso, quando estamos ameaçados de ver consagrada nas leis do país a divisão do povo brasileiro entre raças, acho que devemos fazer o nosso papo transcender os limites do Largo da Quitanda, a ágora da Denodada Vila de Itaparica, onde hoje vultos menores, como Zeca e eu, ocupam com bem pouco brilho o lugar de tribunos da plebe legendários, como Piroca (Piroca é um apelido para Pedro, no Recôncavo Baiano; não tem nada demais, é um fenômeno que atinge o nome “Pedro” de forma curiosa; quer ver, pergunte a um amigo americano o que quer dizer peter, com P minúsculo) e Zé de Honorina, este negro pouco misturado com branco, aquele mulato.
Zé, aliás, um dos homens mais inteligentes, argutos e eloquentes que já conheci — e cito o que se segue como um dado interessante — não tinha muita noção de que era negro e uma vez me pediu explicações sobre “negritude” e “irmandade” entre negros, conceitos que lhe eram pelo menos parcialmente estranhos.
Mas vou deixar de nariz de cera e de vaselina, porque creio que o assunto merece ser tratado na grossura mesmo, como vem sendo por muita gente, em todas as faixas de opinião.
Quem tem raça é cachorro (em inglês, breed, não race), gente não tem raça. Não vou repetir, porque qualquer um com acesso ao Google pode se encher de dados sobre isto, os argumentos científicos que desmoralizam a raça como um conceito antropologicamente irrelevante e equivocado, sem apoio algum entre os que estudam a genética humana. Entretanto, o atraso da espécie (ou raça) humana leva a que continuemos a lhe emprestar importância desmedida e irracional, odiando por causa dele, matando por causa dele e até ameaçando o planeta por causa dele. De qualquer forma, incorporando o conceito de raça a seu sistema jurídico, o Brasil estará dando um ridículo (mas de consequências possivelmente temíveis, ou no mínimo indesejadas) passo atrás, mais ou menos como se o Ministério da Saúde consagrasse a geração espontânea de micro-organismos como fonte de infecções.
Mais ridículo e até grotesco é que os defensores do reconhecimento das “raças” que compõem a povo brasileiro façam isso depender de uma declaração ou opção da pessoa racialmente classificada, até mesmo em circunstâncias nas quais essa opção pode não ser honesta, mas apenas de conveniência, como nos casos, já acontecidos, de gente que se considerava branca declarar-se negra para obter a vaga destinada a um “negro”. Ao se verem num mato sem cachorro para definir a raça de alguém, exceto copiando manuais nazistas e tornando Gobineau e Gumplovicz autores básicos para a formação de nossos cientistas sociais, médicos, dentistas, músicos, atletas e profissionais de outras áreas onde as diferenças de aptidão ou fisiologia são “visíveis”, assim como era visível a superioridade dos atletas de Hitler que o negro Jesse Owen botou num chinelo, os defensores de cotas raciais se valeram desse recurso atrasado, burro, grotesco e patético em sua hipocrisia básica. Não há como defender critério tão estapafúrdio e destituído de qualquer fundamento.
Outra coisa chata, enquanto vemos o Brasil querer botar na letra da lei, o que outros países onde houve e há até mesmo apartheid, como nos Estados Unidos, não só de ontem como ainda de hoje, apesar do presidente Obama, fazem força para retirar, é a persistência do que eu poderia chamar de síndrome de Mama África, contra a qual quem eu mais vejo protestar são escritores amigos meus de países africanos, que não aguentam mais ser embolados num mesmo pacote como “africanos”, transformando em folclore disneyano a enorme complexidade cultural de um continente como a África. Burrice falar em “cultura africana”, “comida africana” e similares, em vez de pluralizar essas entidades, porque são plurais. Além disso, nada mais racista e simplório do que achar que os negros são “irmãos”. Os negros são tão irmãos entre si quanto os europeus entre si, ou seja, irmãos em Cristo, tudo bem. Mas o racismo contra si mesmos de muitos que se acham negros insiste em que há essa irmandade. Documentos escravagistas do Segundo Império, no Brasil, recomendavam que se mantivessem escravos de nacionalidades diversas na mesma senzala, porque muitos se odiavam ou desprezavam entre si mais do que ao opressor. Quem já viu um alemão racista olhar um polonês (eslavo, que curiosamente tem a mesma origem que “escravo”) sabe o que estou dizendo. Desumaniza-se o negro, tornando-o imune à baixeza de seus companheiros de humanidade (mas não de raça). Isto, claro, é outra asnice desmentida pelos fatos ontem e hoje. Ontem, quando mercadores negros de escravos vendiam outros negros por eles mesmos escravizados; hoje, quando negros continuam a escravizar negros e a guerrear entre si, exatamente como os homens de outras raças, o que lá seja isso, desgraça de atraso de vida na cabeça das pessoas, triste exemplo de um país misturado pela graça de Deus querer jogar no lixo esse dom inestimável e irreproduzível, “modernizandose” pela condenação por vontade própria ao que a História não o condenou.
O Globo, 5/4/2009

O NEGRO E O MACACO


João Ubaldo Ribeiro

O negro e o macaco

Defender a existência de uma única cultura africana ou negra é insultuoso, ignorante e racista

Uma das mais clamorosas — e para mim enervantes — manifestações do atraso da espécie humana é esse negócio de raça. A importância que damos à raça, a ponto de odiar-se, matar-se e morrer-se por causa dela, leva inevitavelmente ao lugar-comum: seria ridícula, se não fosse trágica. É difícil encontrar um assunto sobre o qual se digam tantas besteiras quanto este, sempre ignorando não só evidências antropológicas como dados da própria realidade cotidiana. E é também bastante difícil falar sobre ele ou debatê-lo. Muita gente perde o controle, espuma de raiva e afoga o debate em gritos e denúncias.
Começa pela ligação, que aqui sempre se faz, entre escravidão e raça. Falou em escravos, falou em negros. Mas a maior parte dos escravos na história da humanidade não era de negros, o que lá seja isto. A escravidão, para generalizar razoavelmente, era o destino dos vencidos de qualquer raça, que não fossem exterminados. Inclusive, é claro, pois do contrário é que não seriam humanos, os da raça negra vencidos por outros da mesma raça, caso dos escravos vendidos ao Brasil. É comum a noção de que “negro é negro”, como se as incontáveis etnias negras se considerassem iguais. Isso equivale a entender que um alemão é igual a um polonês, um sueco igual a um italiano ou um espanhol igual a um russo. Não pode haver disparate maior — e, se bem olhado, racista — do que achar que, num continente gigantesco e diversificado como a África, todos os negros são iguais e, mais bobamente ainda, irmãos. Irmãos em Cristo e, assim mesmo, se não forem muçulmanos. Vão perguntar se as minorias negras massacradas por nações também negras se consideram irmãs de seus algozes, ou estes daquelas. Ou aos escravos negros de outros negros, situação até hoje existente na África. Há até quem se escandalize com guerras e genocídios entre nações negras. Ué, e guerra de branco contra branco?
Desculpem se atropelo argumentos, mas é que o assunto me deixa nervoso também e me dá uma certa exasperação. Agora me ocorre interromper o que vinha dizendo para lembrar outra prática enervante: falar em cultura africana. Não existe, nem pode existir, uma cultura africana, em nenhum sentido. Aplica um reducionismo grotesco aquele que — e lembro outra vez o tamanho e a complexidade da África — acha que só existe uma cultura negra ou africana. De novo, é um argumento que, se bem olhado, pode ser considerado racista. Existe a cultura africana dos povos a que pertenciam os que foram trazidos para o Brasil como escravos, o que é muito diferente de dizer que ela é “a cultura africana”. Experimentem convidar um zulu para jantar e servir a ele comida ioruba, como na Bahia. Defender a existência de uma única cultura africana ou negra é insultuoso, ignorante e racista.
Aplicar padrões sociológicos americanos para o problema, no Brasil, é outra prática difícil de aturar. E faço a ressalva sempre exigida de que claro que no Brasil há racismo, patati-patatá. Mas a Bahia não é o Alabama. Já na década de 60, um casal, numa das Virgínias do Sul dos Estados Unidos, foi condenado a dois anos de prisão porque era inter-racial, ou seja, um dos dois era negro. As Forças Armadas só foram integradas na Guerra da Coreia e qualquer um que tenha vivido nos Estados Unidos sabe que lá é diferente e ou criamos nossas próprias categorias para examinar nossa realidade, ou prosseguiremos macaqueando até mesmo o racismo alheio.
Escrevi “macaqueando” aí em cima, sem de início lembrar a alusão a macacos em recentes incidentes de racismo no futebol. Mas ela vem a calhar, nesta salada que estou servindo hoje. É curioso como não paramos para pensar e notar que, quesito por quesito, algum racista negro teria razões para alegar que macaco é o branco e não o negro, o qual pode ser visto como muito mais distante do macaco que o branco. Se é verdade, não sei, nem isto tem importância alguma, mas pensem aqui num par de coisas. Imaginem, por exemplo, um ser inteligente de outro planeta, portanto não sujeito aos nossos condicionamentos, a quem incumbíssemos de esclarecer qual das duas raças é mais próxima do macaco. Para tanto, poríamos diante dele um branco nu, um negro nu e um chimpanzé, nosso primo próximo.
O primeiro impacto talvez fosse a cor e, de fato, o pelo do chimpanzé, assim como a pele do negro, é preto. Mas o bom observador não ia deixar-se levar por essa aparência. Façamos um exame cuidadoso e uma listazinha, junto com ele. O macaco é todo coberto de pelos, o corpo do negro é glabro, o branco pode ser o Tony Ramos; os pelos do macaco são lisos, os cabelos do branco também, os cabelos dos negros são crespos; raspado o pelo, a pele do macaco por baixo se revela branca e não preta; os lábios do macaco são finos, os do branco também, os dos negros são grossos; o macaco não tem bunda, o branco tem bunda chata, o negro tem bunda almofadada; até — perdão, senhoras — os renomados atributos masculinos dos negros são mais distantes do macaco, que é tipo piu-piu. Como se vê, basta escolher o que se quer levar em conta e, pelo menos neste exemplo perfeitamente plausível, o extraterrestre poderia concluir que o branco está bem mais perto do macaco que o negro.
Tudo bobagem, discussão que não leva a nada, somente ao ódio e à intolerância. Vamos parar de procurar modelos, ao menos nisto não sejamos tão colonizados, não permitamos que mais lixo contamine nosso pensamento. Os americanos é que têm obsessão por raça (lá nós, brasileiros, somos “hispânicos”), nós temos é a glória e o privilégio de ser o único país em que homens e mulheres de todas as raças se misturaram e misturam e onde a raça, Deus há de ser servido, ainda terá o lugar que merece, ou seja, nenhum.

domingo, 4 de maio de 2014

O discurso RAIVOSO dos ATIVISTAS CAVIAR

Quando vejo os discursos RAIVOSOS dos ATIVISTAS CAVIAR, que pregam a igualdade via a "desigualização", onde justificam AS COTAS acusando os "homens brancos" de terem "separado famílias,estuprado mulheres negras, etc bla, bla bla...

Primeiro, vejo uma pessoa desinformada, totalmente ignorante em historia, pois branco algum entrou nas selvas africanas, o comércio negreiro era prática comum entre tribos da África ( assim como o foi entre os índios brasileiros), Portanto não tem "santo" na historia da humanidade, TODOS de alguma forma colaboraram para a escravização de seus semelhantes.

Segundo , vejo um HIPÓCRITA! Pois, ao observar o perfil no Faceboock do "ativista raivoso", o que vejo é : em sua maioria brancos ( ou seja faz parte da "raça opressora") classe média: tem carro, passa férias em points da moda, frequenta baladas famosas,...
Mas, quando você joga isso na cara do "ativistas caviar", ele berra: " Consegui com meus esforços, trabalhei para isso..."
O ativista caviar, não quer abrir mão de seu smart fone ultima geração, o ativista caviar ADORA Marilena Chauí e odeia a "classe média"...

Mas, pera! E a historia da "exploração do negro pelo branco" que ocorreu nos primórdios da criação do Brasil, mas que o "ativista caviar" acha que deve continuar sendo paga "pelos brancos" ( menos ele) até hoje?

O ativista caviar acha que seu discurso hipócrita o exime da responsabilidade que ele tenta impor aos outros!

Doar, seus bens, parar de curtir as baladas o carnaval usar seu tempo nem pensar, pois o ativista caviar não participa de NENHUMA atividade ou ONG que ajude os mais necessitados, ele acha que basta seu discurso hipócrita na internet para que ele seja "salvo"!

sexta-feira, 2 de maio de 2014

A SUGESTÃO É BOA, EMBORA PERIGOSA Márcio Garcia Vilela

VALE LER:
A SUGESTÃO É BOA, EMBORA PERIGOSA
Márcio Garcia Vilela
Em artigo na “Folha de S.Paulo”, o excelente jornalista Elio Gaspari lançou uma sugestão fascinante para quem está convencido de que é preciso extirpar os males decorrentes do lulopetismo e do seu líder e “teórico” maior, o ex-presidente Lula. Ao concordar, estou consciente de que infrinjo sábio aforismo, do qual sou discípulo fiel pela prudência que os anos da velhice recomendam cada vez mais. Trata-se de deixar de lado o velho provérbio que me alerta em certos momentos de agitada esperança: “Em festa de jacu, nhambu não pia”.
Entrego-me aos riscos que a solução implica certo de que remédios ministrados em situações críticas ou quase desesperadoras costumam fracassar, cavando o abismo de torná-las ainda piores. Daí partir o articulista de uma hipótese na forma de pertinente indagação: “Se o PT achar que a reeleição de Dilma corre perigo, deixará Lula no banco para agradar a seus adversários?”.
Provavelmente, não, como parece indicar o senso comum. Fortalece o pressuposto o fato de a senhora presidente nada mais ser que um “poste humano”, conforme definição do próprio dono do poste, numa daquelas atitudes desrespeitosas, dentre outras que lhe marcam a personalidade.
Autoritária e arrogante, porém carente de representatividade, a senhora Dilma não conseguiu, ou sequer tentou, apesar de encarnar a autoridade presidencial, qualquer ousadia em busca da autonomia. Ao contrário, a sua fraqueza política é de causar pena e só se sustenta enquanto seus aliados de ocasião têm as tetas do poder à disposição para satisfazerem a fome de fisiologismo de que padecem, mesmo se a comida for da qualidade daquela que se dá aos porcos.
QUADRO CAQUÉTICO
Infelizmente, o quadro político-partidário no Brasil sempre foi nanico, despudorado e caquético. Nada mudou, a despeito das fingidas chifradas com as quais o PT costuma ameaçar e retroceder. Ademais, não me parece que Lula se exponha além de certos limites. Se ficar no status atual de ex-presidente, ainda encontra ração para alimentar-lhe a vaidade infinita, tais como a láurea de pouca valia de doutor honoris causa da Universidade de Salamanca.
Aliás, o que é artificial sempre acaba no ridículo. Como conceder um título desse a um ignorante, que não lê nem sequer um e-mail e detesta livros, consoante já confessou publicamente? Ah! As exterioridades o enlouquecem, como o vestir a farda de alferes estonteava o personagem de Machado de Assis no famoso conto “O Espelho”, “um esboço de uma nova teoria da alma humana”.
Como quer que seja, e por falar em teoria, Elio Gaspari tem lá as suas que, em tempos de sensatez, poderiam funcionar com sucesso. Argumenta ele, por exemplo, que o “Nosso Guia” afinal cederia ao sacrifício de assumir o penoso encargo em nome do amor à pátria, expressão surrada utilizada por populistas sem bandeiras, exceção à única que vale: o poder pelo poder.
Contudo, admito que, frágil embora, há uma chance nisso tudo. O custo pode revelar-se muito alto, mas o longínquo benefício de enfrentar o mal pela raiz deve compensar. (transcrito de O Tempo)

UM PAÍS DE INIMPUTÁVEIS

Este é o capitão da balsa que naufragou na Coreia do Sul.
Após divulgadas as imagens de que ele passou o leme para um outro tripulante e abandonou a embarcação, ele foi preso.
A PRESIDENTE ( não presoDENTA) do país PEDIU PERDÃO aos familiares das vitimas e a população, a empresa responsável pela balsa pediu perdão aos parentes das vitimas e a população.

Quantos naufrágios tivemos no Brasil? quantas tragédias?
Recentemente tivemos dois mortos num naufrágio no Lago do Sobradinho na Bahia, alguém viu o Governador se pronunciar?
Alguém lembra do Bateau Mouche, há 25 anos, onde morreram 56 pessoas em pleno Reveillon?
Alguém AINDA lembra da Boate Kiss?

Nestes casos alguém viu algum governante pedindo perdão? Ou a empresa responsável pedindo perdão?
Não! Porque no Brasil a cultura é colocar a culpa nos outros, as autoridades aparecem para dizer que irão "cobrar investigação e punições duras",para esconder sua responsabilidade: a falta de fiscalização e de projetos que evitem as tragédias. Os donos dos equipamentos dizem que não tiveram culpa, e que " a documentação para funcionamento estava toda em ordem", para esconder que burlaram a fiscalização com propinas ou com mudanças no projeto que tornam a obra mais barata.

O professor responsável pelo passeio, sobreviveu a tragédia. Mas, não sobreviveu a dor e a "vergonha" de perder seus alunos, jovens que estavam sob sua responsabilidade e mesmo não tendo culpa nas mortes, suicidou-se, guiado por um senso de responsabilidade que só os povos orientais possuem. O mesmo senso de responsabilidade, que faz com que uma população inteira de um país, espere em filas para conseguir água após um terremoto que destruiu tudo, e mesmo assim não se ouviu falar em nenhum caso saques roubos ou assassinatos no Japão.

No Brasil, basta dois dias de greve da policia para que a população "ordeira e pacifica " de nosso país transforme-se em uma orda de bárbaros a pilhar, matar saquear...e com a anuência de "sociólogos, professores e intelectuais".

Não é atoa que em certos países ( Japão por exemplo) a presença de um Brasileiro em mercados gere uma desconfiança maior, a ponto de funcionários anunciarem o fato em auto-falantes. Isso motivado pelos diversos casos de brasileiros flagrados roubando mercadorias.
Pré- conceito ou pós-conceito?

Falta MUITO para sermos uma civilização, e a primeira coisa que falta é aprendermos a escolher nossos governantes, termos educação de qualidade e que nos ensine que SOMOS RESPONSÁVEIS POR NOSSOS ATOS.
pois enquanto continuarmos com a "teoria da vitimização do culpado, baseada na sua condição social" Seremos sempre este país onde NINGUÉM TEM CULPA ou a culpa é de um ente invisível chamado SISTEMA.
Seremos sempre um país de irresponsáveis , imaturos e inimputáveis, como os índios que vivem na selva!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Martha Medeiros O QUE QUER UMA MULHER

ESTOU POSTANDO AQUI ESTE TEXTO PORQUE ELE COMBINA E COMPLEMENTA UM TEXTO ESCRITO POR MIM EM 04 DE ABRIL DE 2011:  O QUE QUEREM AS MULHERES.
TIRADO DE EXPERIENCIAS PRÓPRIAS, APÓS O FINAL DE UM RELACIONAMENTO QUE QUASE LEVA A MEU QUARTO CASAMENTO, E PROVADO EM RELACIONAMENTOS POSTERIORES

EIS O LINK DO MEU TEXTO: O que querem as mulheres?

LEIA TAMBÉM ESTE AQUI: Verdadeiro amor

LEIA E COMPARE COM O TEXTO DA MARTA

O QUE QUER UMA MULHER

Texto de Martha Medeiros
Um bebê nasce. O médico anuncia: é uma menina! A mãe da criança, então, se põe a sonhar com o dia em que a sua princesinha terá um namorado de olhos verdes e casará com ele, vivendo feliz para sempre. A garotinha ainda nem mamou e já está condenada a dilacerar corações. Laçarotes, babados, contos de fadas: toda mulher carrega a síndrome de Walt Disney.
Até as mais modernas e cosmopolitas têm o sonho secreto de encontrar um príncipe encantado. Como não existe um Antonio Banderas para todas, nos conformamos com analistas de sistemas, gerentes de marketing, engenheiros mecanicos. Ou mecanicos de oficina mesmo, a situação não anda fácil. Serão eles desprezíveis? Que nada. São gentis, nos ajudam com as crianças, dão um duro danado no trabalho e têm o maior prazer em nos levar para jantar. São príncipes à sua maneira, e nós, cinderelas improvisadas, dizemos sim! sim! sim! diante do altar. Mas, lá no fundo,a carência existencial herdada no berço jamais será preenchida.
Queremos ser resgatadas da torre do castelo. Queremos que o nosso pretendente enfrente dragões, bruxas, lobos selvagens. Queremos que ele sofra, que vare a noite atrás de nós, que faça tudo o que o José Mayer, o Marcelo Novaes e o Rodrigo Santoro fazem nas novelas. Queremos ouvir "eu te amo" só no último capítulo, de preferência num saguão de aeroporto, quando ele chegará a tempo de nos impedir de embarcar.
O amor da vida real, no entanto, é bem menos arrebatador. "Eu te amo" virou uma frase tão romantica quanto "me passa o açúcar". Entre casais, é mais fácil ouvir "te amo" ao encerrar uma ligação telefônica do que ao vivo e a cores. E fazem isso depois de terem se xingado por meia-hora. "Você vai chegar tarde de novo? Tenha a santa paciência, o que é que você tanto faz nesse escritório? Ontem foi a mesma coisa, que inferno! Eu é que não vou preparar o jantar pra você às dez da noite, te vira. Tchau, também te amo." E batem o telefone, possessos.
Sim, sabemos que a vida real não combina com cenas hollywoodianas. Sabemos que há apenas meia dúzia de castelos no mundo, quase todos abertos à visitação de turistas. Sabemos que os príncipes, hoje, andam meio carecas, usam óculos e cultivam uma barriguinha de chope. Não são heróicos nem usam capa e espada, mas ao menos são de carne e osso, e a maioria tentaria nos resgatar de um prédio em chamas, caso a escada
magirus alcançasse o nosso andar. Não é nada, não é nada, mas já é alguma coisa.
Dificilmente um homem consegue corresponder à expectativa de uma mulher, mas vê-los tentar é comovente. Alguns mandam flores, reservam quarto em hotéizinhos secretos, surpreendem com presentes, passagens aéreas, convites inusitados. São inteligentes, charmosos, ousados, corajosos, batalhadores. Disputam nosso amor como se estivessem numa guerra, e pra
quê? Tudo o que recebem em troca é uma mulher que não pára de olhar pela janela, suspirando por algo que nem ela sabe direito o que é. Perdoem esse nosso desvio cultural, rapazes. Nenhuma mulher se sente amada o suficiente.