quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

COMPARAÇÕES ESDRÚXULAS E TENTATIVA DE ENGODO


Estiveram esta semana na Bahia, representantes da Policia Japonesa para uma troca de experiencias no modelo de Policia Comunitária.
Não ha de negar a extrema importância deste tipo de troca, no entanto devemos nos prender a certas diferenças culturais, politicas e de infraestrutura.
Obvio que os representantes Japoneses não iriam dar entrevista a jornais brasileiros detonando a iniciativa baiana, portanto devemos deixar os elogios ditos pelos japoneses no capo da diplomacia ( aliás uma técnica que eles dominam bem)
No entanto, achar que o modelo japonês pode ser integralmente adotado no Brasil, é de uma falta de compreensão gritante sobre as diferenças que separam os dois países, e pior ainda é fazer declarações esdruxulas e baseadas em "achismos".
No Jornal A Tarde de hoje ( 28/01/2014) temos uma demonstração deste erros.
Primeiro, fiquei sabendo pelo jornal que a Bahia enviou TRÊS ( isso mesmo APENAS 03) representantes da policia baiana para conhecer o modelo japonês.
Ora, num universo de 30 mil homens, 417 municípios, uma área de mais de 500 mil km², três "multiplicadores" levariam uns cem anos replicar o projeto.
Portanto podemos dizer que na verdade estes três só foram para o Japão passear e trazer uma desculpa para sua viagem paga pelo estado, a ponto de só AGORA com a visita da delegação japonesa é que fomos informados que três privilegiados ( provavelmente representantes do Alto Escalão) estiveram no Japão com o dinheiro do contribuinte.
Talvez não estivessem esperando que os japonese retribuíssem a visita.
Segundo, é uma mentira -ou um erro- declarar que o Projeto de Policia Cidadã tenha se iniciado em 2011. Este projeto existe desde 2008, capengando, sendo esquecido, perdendo espaço para "iniciativas midiáticas" , mas existe.
Foi implantado com o desmembramento dos Batalhões , para criação das CIPMs,mas como diversos projetos sobre Segurança Pública o Prjeto Policia Cidadã NUNCA foi um projeto de ESTADO, mas um Projeto de Governo, portanto cada governante - e os gerentes da área por eles empossados - ao invés de seguirem e manterem o projeto, sempre procuraram "seus próprios projetos" para gravarem seu nome na historia.
Em 20 anos a Policia Militar da Bahia, já criou ou aderiu a pelo menos 8 projetos "que trariam a solução para a Segurança Pública" dos quais lembro de alguns, cito-os: Amanakey, Policia Cidadã, Rondas nos Bairros, Bases de Policiamento Comunitário...TODOS foram abandonados.
O Projeto Policia Cidadã criado em 2008, também enviou representantes do alto escalão para outro país, neste caso foi Estados Unidos, para conhecer em trazer "iniciativas inovadoras" para a Segurança Pública. E teve o mesmo destino que os outros. Após uma "boom" de marketing e liberação de verbas, os "multiplicadores" encontraram uma vaga numa Secretaria ( onde ganham adicionais) e o projeto morreu de inanição.
Terceiro. Não sei de quem partiu a informação. a matéria não deixa claro,, se foi uma "tirada do repórter" ou se alguém da PM ou da comitiva do Japão fez esta declaração, mas transcrevo aqui ipsis litteris ( destacando em caixa alta os pontos mais esdrúxulos)
"No Japão, a EXTINÇÃO das armas letais, reduziu a taxa de homicídio para mil assassinatos por ano. Isso corresponde, conforme dados da Organização Mundial da Saúde ( OMS) , a 0,2 homicídios por 100 mil habitantes, segundo melhor do mundo.
Já o Brasil ocupa, no mesmo ranking, a 11ª pior posição, com 32,4 homicídios por mil habitantes."
A comparação é de uma falta de informação gritante.
Primeiro. O Japão, - como uma parte da reportagem informa - não tem Forças Armadas, proibição esta IMPOSTA pelos Estados Unidos durante a ocupação pós Segunda Grande Guerra, da mesma forma que a Alemanha tem restrições de número de integrantes e de armamentos.
Diferente da Alemanha, o Japão optou por não criar um Exercito,mesmo depois que a proibição foi suspensa, dando as mesma condições dadas aos alemães -poderia criar Forças Militares mas, com restrições - mas, isso vem mudando e tanto Alemanha , quanto o Japão tem pressionado a ONU a permitirem uma ampliação de seu poderio militar, devido principalmente as ameaças terroristas.
O Japão optou por criar uma POLICIA NACIONAL, nos moldes da Policia Inglesa - policias fardados, sem uso de armas de fogo- no entanto, tanto o Japão como o Reino Unido, mantem Grupos Especias, altamente treinados e de "resposta rápida" equipados com o que ha de melhor em armamento NO MUNDO!.
Portanto, o comercio de armas de fogo no Japão é uma imposição do pós-guerra e não uma decisão de seu povo ou de seu governo.
mesmo assim o Japão tem uma das mais violentas máfias do mundo a Yakuza.
O povo japonês é extremamente obediente as leis e ao governo, basta lembra que mesmo com a ocupação americana na Segunda Guerra, onde foram usadas as bombas atômicas que dizimaram milhões, os japoneses continuaram fiéis ao imperador e obedeceram fielmente as ordens de colaborarem com os americanos. Não,ouve revoltas, ataques nem violência.
E para lembrar um fato mais recente, podemos citar o Grande Terremoto do Leste do Japão, onde mesmo com falta de itens básicos como água, o povo japonês se organizava em filas para receber as doações, e não ocorreu NENHUM caso de saque.
Comparar este povo com o brasileiro, onde bastou uma greve de poucos dias da Policia, para que mesmo quem nunca tinha roubado, se tornasse criminoso, saqueando, roubando arrombando...é de uma infantilidade deprimente.
Não é a proibição de fabricação e comércio de armas de fogo que faz com que o numero de homicídios no Japão seja o segundo melhor do mundo. Mas, é a educação de seu povo, é sua cultura - extremamente focada na obediência- e que jamais seria aceita pelos "pregadores do pacifismo no Brasil" onde seria chamada de"violação da individualidade".
Os índices de homicídio no Japão são baixos porque o governo investe em educação,saúde, e emprego.
O sucesso desta estratégia de segurança japonês se deve a eficácia, comprometimento e celeridade do SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL envolvendo segmentos reativos, periciais e discretos do aparato policial, da vigilância permanente do MP, da ação coativa e supervisora do Judiciário, de leis sérias e fortes, da presença proativa das Defensorias e de uma execução penal digna e recuperativa, complementado por políticas educacionais, sociais e de saúde capazes de manter a continuidade, salvaguardar e garantir o sucesso dos esforços de todos contra o crime, rumo à paz social.
Fatores que estamos anos luz de alcançar!
Marcio Menezes

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